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sábado, 15 de janeiro de 2011

Cavaco defendeu produtos transmontanos e foi confrontado com a linha do Tua na visita a Bragança

Cavaco Silva defende que os produtos agrícolas transmontanos deveriam estar mais disponíveis nas grandes superfícies comerciais. Uma posição assumida ontem num jantar comício em Bragança inserido na campanha para as eleições presidenciais.

A par desta ideia, o candidato e actual chefe de estado entende que a agricultura deveria ser mais apoiada para que os produtos possam penetrar noutros mercado.

“Eu conheço a qualidade extraordinária dos produtos de Trás-os-Montes, que gostaria de ver mais nas prateleiras das grandes superfícies, que gostaria de ver com maior preferência por parte dos portugueses, que gostaria que tivessem mais apoios para penetrar nos mercados externos, em particular na nossa vizinha Espanha. Esquecê-los é deixar para trás a nossa alma”, disse Cavaco Silva.

Neste jantar, a mandatária distrital da candidatura, Conceição Martins deixou um apelo especial a Cavaco Silva: “Aqui o professor Cavaco Silva, como presidente da República nos próximos cinco anos, tenha em atenção o distrito onde está agora e continue a lutar pela coesão territorial que permita ao distrito de Bragança cumprir a sua missão.”

A coesão nacional é precisamente um dos desígnios do candidato que deixou claro que não quer regiões esquecidas no país.

“Mas o certo é que existem desequilíbrios territoriais”, disse Cavaco, que reconheceu que “tem faltado uma política verdadeira que compense estes desequilíbrios”.

Este jantar contou com a presença de cerca de mil militantes do PSD, o partido que apoia Cavaco Silva nesta recandidatura à Presidência da República.

Antes disso, Cavaco Silva esteve em Mirandela, ao final da tarde, onde visitou fábricas de alheiras, queijo e azeite.

E foi confrontado com um assunto incómodo: a linha do Tua.

Por Mirandela, durou menos de meia hora a visita de Cavaco Silva a três unidades industriais. Com passo acelerado e rodeado de muita segurança, o candidato a um segundo mandato na presidência da República, foi surpreendido com uma tarja do movimento cívico da linha do Tua, onde Cavaco era questionado se tinha vindo de comboio. Um dos membros do movimento fez mesmo questão de entregar um dvd do filme documentário sobre a linha do Tua, referindo que Cavaco Silva era um dos protagonistas. O candidato, de fugida, lá falou sobre um dossier que claramente não domina.

“Já fiz este comboio várias vezes e tenho pena de não fazer até Mirandela”, disse, mas rapidamente lhe disseram que agora já não pode fazer essa viagem. “É um instrumento importante para o desenvolvimento desta região. E os autarcas estão a unir-se todos para falar com o Governo e vão também mandar-me alguns elementos”, disse Cavaco Silva, prontamente corrigido por Daniel Conde: “Pois, mas isso é sobre a linha do Douro, esta é a do Tua”.

Respostas que não convenceram os membros do movimento. Daniel Conde vai mais longe, e considera que Cavaco Silva foi o principal responsável do completo abandono da linha do Tua.

“Gostei muito de ouvir o sr. Presidente dizer que gosta de andar de comboio, principalmente quando, enquanto Primeiro-Ministro, deu cabo de 860 quilómetros de caminho-de-ferro em Portugal. É notável que alguém tenha a lata de dizer isso, sobretudo aqui em Mirandela. A linha do Tua está no estado em que está devido a Cavaco Silva, que não teve contributo nenhum para o desenvolvimento do Nordeste”, disse Daniel Conde.

Cavaco Silva confrontado, em Mirandela, com um tema incómodo, a questão da linha-férrea do Tua, cujo encerramento do troço entre Mirandela e Bragança aconteceu na altura em que foi Primeiro-Ministro. De resto, a visita foi a todo o gás, mas ainda a tempo de receber alheiras de Mirandela numa visita relâmpago a uma empresa do sector.

A todo o gás seguiu para Macedo de Cavaleiros onde apanhou os próprios apoiantes desprevenidos.

“Cheguei até antes da hora. Andam sempre a dizer que o distrito de Bragança é uma terra atrasada mas, como vêem, está é adiantada”, brincou Adão Silva, deputado social-democrata eleito por Bragança e um dos que foi apanhado desprevenidos.

Mesmo assim, sem dar a volta pela zona pedonal da cidade, Cavaco Silva ainda entrou com alguns simpatizantes da sua candidatura num dos cafés de Macedo e deu lições de vida ao pequeno Pedro.

“Tens de estudar porque quando fores grande podes ser Primeiro-Ministro ou Presidente da República. O meu pai também não tinha praticamente nada. Quando reprovei pôs-me a cavar milho e batatas. A partir daí fui sempre o melhor da turma.”



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