As viagens no Comboio Miradouro, na linha do Douro,
vão acabar. A CP diz que "o mercado não terá valorizado" estas
carruagens suíças e que, além disso, o comboio "gera prejuízo".
Dois anos depois de terem sido criadas, as viagens no
comboio turístico do Douro vão acabar. A decisão de descontinuar o Comboio
Miradouro, formado por carruagens suíças dos anos 50, tem a ver com a falta de
rentabilidade do serviço e a pouca valorização dada pelos viajantes, justifica
a CP – Comboios de Portugal.
“A CP constatou que a procura, na linha do Douro,
continuou a concentrar-se nos comboios realizados com Automotoras UTD 592,
indicando que o mercado não terá valorizado o Comboio Miradouro”, disse fonte
oficial da CP ao Público (acesso condicionado). “Mesmo considerando um cenário
de lotação completa, este comboio gera prejuízo para a CP, dada a logística
necessária à sua produção”.
Assim, a CP vai uniformizar a oferta no Douro com as
automotoras espanholas alugadas à Renfe, que dispõem de ar condicionado
(contrariamente ao comboio Miradouro), mas que não permitem desfrutar da
paisagem através dos espaços amplos e das janelas, o principal motivo de
atração de clientes no verão.
“As automotoras 592 garantem menores custos
produtivos, melhor resultado económico, menor consumo energético e menor
consumo de recursos humanos, pelo que é a solução que mais contribui para criar
valor económico para a CP”, explicou a empresa.
O presidente da Câmara da Régua disse ao Público que
desconhecia esta decisão e que vai questionar a empresa. “Tenho a lamentar que
acabem com este comboio porque era mais valor acrescentado para o turismo do
Douro, que ainda por cima está a crescer”, disse, acrescentando que “é mais uma
vez o interior do país a ficar penalizado”.
Já Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto
e Norte, ressalva a elevada procura por transportes públicos dos turistas que
visitam o Douro e diz não compreender esta decisão. “Tenho sérias dúvidas sobre
o argumento da CP de que o comboio não é rentável”, afirmou, justificando que a
região recebe cerca de 4,3 milhões de turistas por ano, 75% deles na zona do
Porto e que o Comboio Miradouro permite o transporte para o interior, mas
também uma experiência diferente de viagem.
Esta decisão é também considerada um “erro do ponto de
vista comercial” por António Brancanes dos Reis, presidente da Associação
Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-ferro (APAC). “Este comboio tem tido
enorme adesão do público porque as carruagens Schindler proporcionam ao público
desfrutar da paisagem do Douro pela possibilidade de abertura das janelas, e
porque os próprios horários permitiam que fosse utilizado pelos turistas para
um passeio com almoço na Régua ou no Pinhão”.
Fonte: Eco Sapo
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