Parlamento terá a última palavra sobre o Plano Ferroviário Nacional lançado ontem e que estará em debate durante um ano. Ministro Pedro Nuno Santos quer que o comboio substitua o avião na ligação Lisboa-Porto.
Parlamento terá
a última palavra sobre o Plano Ferroviário Nacional lançado ontem e que estará
em debate durante um ano. Ministro Pedro Nuno Santos quer que o comboio
substitua o avião na ligação Lisboa-Porto.
O comboio tem
de chegar a todas as cidades com mais de 20 mil habitantes em Portugal. Esta é
uma das premissas do Plano Ferroviário Nacional, ontem apresentado e que só
daqui a um ano será aprovado pelo governo e chegará ao parlamento. O ministro
das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assume que quer acabar com a ponte
aérea Lisboa-Porto e finalmente reduzir as importações de combustíveis fósseis.
O plano é uma visão da rede ferroviária nacional muito para lá de 2030 e
cujas obras serão lançadas conforme houver orçamento. Estabilidade é palavra de
ordem embora possam existir alguns ajustes ao longo dos anos, assumiu o
ministro.
Entre as capitais de distrito, Bragança, Vila Real e Viseu não estão
servidas pelo comboio. A construção de uma linha que ligue Porto, Vila Real e
Bragança está na mira do grupo de trabalho liderado por Frederico Francisco.
Esta opção afasta, para já, uma eventual reabertura das antigas linhas de via
estreita do Corgo e do Tua.
"A maioria das antigas linhas não cumpre a função de acesso às cidades
que existia no século XIX. Mas podem ter potencial turístico ou a nível
local", justifica ao DN/Dinheiro Vivo o líder do grupo de trabalho que
elaborou o plano.
Para Viseu voltar a ver os comboios, o grupo de trabalho sugere a
construção da linha entre Aveiro e Mangualde, com possível prolongamento até
Vilar Formoso. Esta ligação já foi chumbada duas vezes pela Comissão Europeia
por causa da avaliação custo-benefício negativa. No entanto, o governo admite
que à terceira será de vez: esta linha poderá servir para os passageiros do
Porto e de Braga chegarem a Madrid, através de Salamanca, em vez de terem de
passar por Lisboa.
Mesmo não sendo capital de distrito, Felgueiras é a única cidade com mais
de 20 mil habitantes fora das áreas metropolitanas sem acesso ao comboio. A
construção da linha do vale do Sousa, permitirá criar uma linha circular nesta
região e colocar esta cidade a 51 minutos do Porto.
O plano também terá de provar que o comboio é o transporte com maiores
benefícios para o ambiente, a sociedade e a economia. "Nem sempre é
benéfico construir uma linha de comboio por causa dos impactos ambientais e do
tempo que isso demora até reduzir as emissões poluentes", notou o
coordenador do grupo de trabalho.
Também será "inevitável" colocar no plano a terceira ponte sobre
o Tejo na região de Lisboa. A redução de 30 minutos de viagem colocará todo o
Algarve "a menos de três horas de Lisboa" e também terá impacto na
viagem entre a capital portuguesa e Madrid.
Fim à ponte aérea
O lançamento do plano também serviu para Pedro Nuno Santos apontar para
vários erros da economia portuguesa: "este país tem um problema crónico de
dependência das importações, sobretudo de combustíveis fósseis. E, mesmo assim,
ainda não temos toda a rede ferroviária nacional eletrificada. O país que
produz renováveis como nunca investiu pouco no transporte que permitia reduzir
as emissões", afirmou.
Mais importante do que o comboio circular a 250 ou a 300 km/h, a
"discussão é o tempo de viagem. A partir daí, construímos a linha e
compramos o material circulante". Até ao final de 2030, haverá uma linha
de alta velocidade entre Lisboa e Porto, que ficarão a uma hora e 15 minutos de
viagem. A ponte aérea deixará de ser necessária. "Até me custa
dizer", refere o governante que também tutela a TAP mas que pretende
seguir as melhores práticas europeias e acabar com todas as viagens de avião
abaixo dos 600 quilómetros de distância.
Também está prevista a construção de uma nova linha entre Porto e Vigo. Com as duas cidades a menos de uma hora de viagem, o Sá Carneiro "será o aeroporto dominante na região do norte litoral", acredita o homem com a pasta das infraestruturas no governo. O plano ferroviário nacional também pretende levar os serviços ferroviários a portos e aeroportos; definir quais são as linhas nacionais, regionais e metropolitanas, assegurar o transporte de mercadorias e ainda garantir a ligação com Espanha serão as principais linhas orientadoras deste plano.
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